M.T.C.

MEDICINA TRADICIONAL CHINESA – MTC

Nas matérias aqui postadas, muito se mencionou sobre da Medicina Tradicional Chinesa – MTC, exatamente porque várias das técnicas utilizadas pelos Massoterapeutas, encontram aí sua base, por conta disso, alguns leitores pediram um capítulo especial para o assunto. Essa página ilustra pontos fundamentais sobre o assunto, de maneira bem simples e de fácil entendimento.

O tema é bastante complexo e como se trata de um estudo milenar, evidentemente dúvidas e questões mais profundas podem surgir exigindo uma investigação mais apurada e detalhada.

Vários são os autores que tratam do assunto com vasta literatura recomendada, material esse que constrói o que a seguir é postado. Dentro desses autores é importante ressaltar a figura de Giovanni Maciocia, certamente um dos maiores expoentes, sobre o assunto e autor de obras essências para o desenvolvimento do terapeuta. Outro autor que serviu de referencia bibliográfica aqui é Alexander Raspa Da Silva, de onde tirei vários trechos de sua publicação (Fundamentos Da Medicina Tradicional Chinesa), além dos estudos e materiais utilizados na minha formação no SENAC, em particular das aulas do prof. Alexandre Amatuzzi Barros, onde aqui rendo minhas homenagens.

Fica aqui uma proposta de juntos, explorarmos o tema construindo um entendimento maior sobre essa fabulosa matéria, Que tal?

Essa sessão será constantemente atualizada com novos pontos de estudo, no entanto, como na configuração do blogger, aqui é o espaço considerado uma Página independente, não são registradas como novas postagens essas atualização. Sendo assim aconselho sempre que visitarem essa matéria, irem até onde estiveram no último acesso afim de ver se existem complementações.

Não deixem de ver também, a aba ou Página de IMAGENS, lá postarei elementos gráficos e ilustrações necessárias para maior entendimento dos temas abordados aqui. Avante!!!

É cada vez maior o número de países a utilizar recursos das medicinas tradicionais, em especial os da Medicina Tradicional Chinesa-MTC. Tais práticas ampliam o espectro das condutas terapêuticas dando uma contribuição extremamente significativa para a melhoria das condições de vida da população.

É com base nesse panorama que se torna cada vez mais comum, o número de doenças tratadas em conjunto com Acupuntura, Fitoterapia, Massoterapia e outras práticas físicas e meditativas.

Talvez a maior contribuição das práticas milenares constantes na filosofia chinesa reside naquela que reforça em cada um de nós, a importância da prevenção, nos direcionando a ter visão crítica sobre o seu próprio corpo e, até mesmo, a assumir outra postura perante a própria vida, através da prática do auto-cuidado. Ou seja, a MTC desperta a cidadania na medida em que leva a pessoa a ampliar a consciência de si mesma, e de sua relação com o meio, e de que ela também é responsável pela sua saúde.

Então, vamos ‘navegar’ nas teorias básicas da MTC:

Essência do Universo - TAO


A filosofia chinesa baseia-se no conceito de harmonia e equilíbrio do Yin e Yang e dos Cinco Elementos, nos quais faz sua manifestação. Chineses antigos criaram e desenvolveram por meio da observação dos ciclos da natureza e suas mudanças todo um sistema terapêutico de prevenção e cura das patologias.

Baseados na teoria do Tao, a fonte original do Universo, os chineses consideram que, no início, não havia corpo físico ou energético. A esse estado de ausência de forma chamam de Vazio.

O Vazio é a essência do Tao.

Quando o Vazio produziu a função de transformar e de criar, através do YinUen, surgiram todas as coisas e fenômenos.

Chamamos a esse processo de “manifestação de Existência”, que é a função do Tao. Na verdade, se pudermos entender que no início não havia nenhum fenômeno nem manifestação do Ser, compreenderemos a sutileza e o mistério do Vazio.

Se aceitarmos que a fonte das inúmeras manifestações é o Tao, entenderemos a magnitude sem limite das funções e dos acontecimentos do Vazio.

Nada e Existência, Yin e Yang, Dia e Noite, Amor e Ódio… Um é a essência e o outro, a manifestação; ambos vieram do Vazio, apenas com denominações diferentes. Ambos os opostos são os maiores mistério do Universo, pois são a criação do Universo e da infinidade de coisas.

Assim a essência do Tao é o Vazio, pois do Vazio vieram os opostos Yin e Yang, dos opostos vieram infinidades de processos e acontecimentos que deram origem ao mundo que conhecemos.

Substancias Vitais


O termo Tchi (pode ser grafado Chí ou Qui), é utilizado desde a Antiguidade e, embora possa ser utilizado em diferentes contextos com ligeira variação de significado, de modo geral expressa o que anima, traz movimento ou ainda alento ou sopro. Costuma ser traduzido como energia, porém, de modo geral com o sentido mais popular do termo (como em... “Sinto uma energia no ar”; “Recobrei as minhas energias”). No entanto, alguns autores consideram que é sinônimo de energia no sentido científico moderno, expressando via de regra manifestações eletromagnéticas, térmicas, gravitacionais etc.

Segundo Maciocia, a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) considera a função do corpo e da mente como o resultado da interação de determinadas substâncias vitais. Essas substâncias manifestam-se em vários níveis de ‘substancialidade’, de maneira que algumas delas são muito rarefeitas e outras totalmente imateriais. O corpo e a mente não são vistos como um mecanismo, mas como um círculo de energia e substâncias vitais interagindo uns com os outros para formar o organismo. A base de tudo é o Tchi: todas as outras substâncias vitais são manifestações do Tchi em vários graus de materialidade, variando do completamente material, tal como os fluídos corpóreos, para o totalmente imaterial como a mente.

Lie Zi citado por Maciocia, dizia que: “os mais puros e os mais leves elementos, tendem a ascender, como o céu; os mais grossos e pesados elementos tendem a descender, como a terra.”

Jing (pré-celestial) – essência herdada dos pais na concepção, nutre o feto e determina a constituição básica do indivíduo (força, vitalidade - armazenado nos Rins).

Jing (pós-celestial) – essência refinada e extraída dos alimentos e líquidos após o nascimento (Estômago e Baço).

Xue – Sangue que flui nos vasos e meridianos.

Jin Ye – líquidos orgânicos: suor, lágrima, saliva, muco, urina. Umedece e nutre os Zang-Fu (órgãos e vísceras).

Zong Tchi (Tchi torácico) – combinação do Tchi do alimento com o Tchi do ar (produzido no Pulmão, nutre este e o Coração)

Yuan Tchi (Tchi original) – é a essência (fluído) na forma de Tchi (energia). Provém do Jing pré-celestial e é reabastecido pelo pós-celestial. Força motriz dinâmica para atividades funcionais dos sistemas. Permanece nos pontos fonte (encontra-se entre os Rins

Zen Tchi (Tchi verdadeiro) – último estágio de transformação do Tchi. O Tchi torácico se transforma em Tchi verdadeiro pela ação do Tchi original. É o Tchi verdadeiro que circula nos meridianos.

Wei Tchi (Tchi defensivo) – circula sob a pele, entre os músculos, fora dos meridianos. Energia de defesa (controlada pelo Pulmão)

In Tchi (Tchi nutritivo) – nutre os sistemas internos e todo o organismo. Flui nos vasos e meridianos junto com o sangue.

YIN e YANG


O Tchi constitui-se de duas polaridades: o Yin e o Yang.

Não são energias diferentes, mas sim aspectos diferentes de uma mesma energia, e são conceitos que fundamentam a Medicina Tradicional Chinesa, tal como o conceito do Tchi. São princípios fundamentais, opostos e complementares, que interagem entre si e auxiliam a percepção e compreensão de várias contradições na anatomia e fisiologia do corpo humano, assim como diagnóstico e tratamento.. Esse conceito chinês de Yin e Yang representa a idéia de que o mundo é um todo e que esse todo é o resultado da união contraditória de dois princípios, o yin e o yang. Para uma melhor compreensão dos acontecimentos dinâmicos de todas as coisas que ocorrem no Universo foi elaborada a teoria do Yin – Yang.

Portanto tudo o que acontece no cosmos tem dois aspectos opostos e interdependentes e Yin-Yang é uma forma de expressarmos esse pensamento.

O conceito de Yin e Yang surgiu da observação das leis que estabelecem a ordem natural e existência das coisas e a essência e condição própria dos seres. Provavelmente a mais antiga observação foi a explicação da mudança cíclica entre o dia e a noite. Todas as coisas estão sujeitas à mutação a cada instante, porém as mudanças ocorrem em seqüências regulares, com períodos de duração sempre igual e com os fenômenos astronômicos repetindo-se sempre na mesma ordem. Noite e dia, primavera, verão, outono e inverno são previsíveis.

Yin e Yang são termos relativos para expressar que a polaridade não é estática, mas dinâmica, em constante mutação, significando que não existe apenas frio e calor, mas calor transmutando-se em frio e frio se transformando em calor.

Deste modo a correlação entre Yin e noite e Yang e dia permitiram estender a observação para outros fenômenos como escuridão e luminosidade, atividade e repouso, terra e céu e a correspondência entre Yin e Yang. O Yang puro ou cósmico refere-se ao Céu, pois é a Energia que se forma fora, para o alto, mais pura onde encontramos o Sol, e o Yin puro ou cósmico refere-se aTerra, a Energia mais pesada que toma forma e se adensa para formar a terra. O jogo entre dia e noite, intercalando-se, entremeando-se, confundindo-se entre si dá ao céu a forma arredondada e a terra a aparência plana. Do céu pendem essências yang e da terra brotam essências yin. O Leste é onde o sol nasce e corresponde ao Yang e o Oeste, o por do sol, ao Yin. Pela tradição, nas cerimônias o Imperador devia posicionar-se olhando para o Sul e ficando assim à sua direita o oeste e à esquerda o leste. Desta maneira, leste e esquerda corresponde ao Yang e oeste e direita ao Yin.

De um modo geral tudo o que é animado, em movimento, exterior, ascendente, quente, luminoso, funcional, cujas capacidades se desenvolvem, tudo o que corresponde a uma ação é Yang. Tudo o que está em repouso, tranqüilo, interior, descendente, frio, sombrio, material, cujas funções decrescem, tudo o que corresponde a uma substancia é Yin. A água é Yin, o fogo é Yang. A água é de natureza fria e escorre, assim é Yin; o fogo é de natureza quente e suas chamas se elevam, e, portanto é Yang. Não se mover é yin, mover-se é yang.

Yang simboliza o estado mais rarefeito e imaterial da matéria enquanto o Yin representa o estado mais material e denso A dicotomia Yin–Yang é a expressão da variação sucessiva de estados opostos. O dia é Yang, mas ao alcançar seu apogeu o Yin dentro dele começa a se desenvolver e mostrar-se gradativamente. Isso significa que cada fenômeno pode pertencer ao Yin ou ao Yang, mas dentro dele há a semente da fase contrária.

Yin e Yang simbolizam a imagem de um estado único de mudança e transformação de tudo o que há no Universo. Nada é absoluto, portanto não há totalmente Yin ou Yang. Essa relatividade manifesta-se na idéia de que Yin e Yang podem transformar-se um em outro, assim como noite e dia se transformam, como o gelo solidificado transforma-se em água e esta em vapor que ao se condensar transformar-se-á em gelo novamente.

Juntos Yin e Yang produzem energia e todos os fenômenos. Yin e Yang atraem-se mutuamente e ao mesmo tempo se repelem e quanto mais semelhante maior a força de repulsão e vice-versa. Todos os fenômenos são efêmeros e são dotados de polaridade e transmutam-se.

Apesar de Yin e Yang serem representações de idéias opostas há uma relação de dependência entre eles. Yin e Yang são relativos, não absolutos. Todas as coisas existem em oposição complementar. Para existir o Yin é preciso haver o Yang, assim como não existe frio sem calor. Não há movimento sem resistência ou mudança. Não há sombra se não houver a luz, nem o verão sem o inverno. Esse princípio de oposição complementar transformando-se em um uno (o Tao) existe em todas as coisas da natureza e originam as manifestações que contem em proporções variáveis ambos os princípios, com predomínio de um ou outro temporariamente. Todos os aspectos em sentido contrário existem simultaneamente.

Esta interdependência entre yin e yang mostra uma relação de reciprocidade onde um depende do outro, não existe separadamente e não há separação.

Do ponto de vista da Medicina Tradicional Chinesa não há separação entre Matéria e Energia. Energia é a essência do todo, seu princípio e fim, e manifesta-se no homem com todas as suas expressões vitais, físicas e psíquicas produto da atividade Yin-Yang. O homem carrega dentro de si o Tao e é o próprio meio e fim deste instrumento. Para a Medicina Tradicional Chinesa é um transformador de Energia e seu organismo está assim estruturado.

Teoria dos Cinco Movimentos ou Cinco Elementos


Consiste em uma representação (ou metáfora) das constantes transformações e relações que ocorrem na natureza e, principalmente, entre os seres vivos. Essa teoria considera que a natureza é constituída de cinco elementos básicos: madeira, fogo, terra, metal e água, existindo entre eles uma relação de interdependência e interrestrição gerrando assim um estado de constante movimento e mutação.

Os elementos geram-se mutuamente na seguinte ordem: a madeira gera o fogo; o fogo gera a terra (sua combustão produz cinzas); a terra gera o metal (estes nascem na terra); o metal gera água (quando se liquefaz); a água gera a madeira (pois a nutre); e a madeira gera o fogo (ao se queimar) fechando o ciclo.

Ao elemento gerador, denominamos de "elemento mãe", e ao elemento gerado denominamos de "elemento filho". Por exemplo, a madeira é filha da água e mãe do fogo.

Esse constante movimento de geração levaria o universo a um desequilíbrio. Para frear esse processo, temos a lei da dominância agindo simultâneamente : a madeira domina a terra (as raízes das àrvores a penetram); a terra domina a água (absorvendo-a); a água domina o fogo (apagando-o); o fogo domina o metal (fundindo-o); e o metal domina a madeira (a lâmina do machado abate a àrvore).

Em certos casos, pode aparecer o fenômeno da contra dominância, onde o dominado passa a dominar por uma deficiência do dominante, ou então, por um excesso do dominado o dominante passa a ser inibido.

Qualquer fenômeno, objeto, ou manifestação existente na natureza pode cair dentro da esfera de algum desses elementos. Assim, por exemplo, as estações, as cores, os tons musicais, os órgãos, os sabores, e outros.

Há mais de 2600 anos já haviam descrições da classificação dos órgãos segundo os cinco elementos, no Livro de Ouro do Imperador amarelo. Assim, o fígado pertence ao elemento madeira; o coração ao fogo; o baço-pâncreas pertence à terra; o metal ao pulmão e os rins à água. Desse modo, o Qi dor rins alimenta o fígado (madeira); este estoca sangue para ajudar o coração (fogo); o calor do coração vai aquecer o baço-pâncreas o qual transforma a essência (energia) dos alimentos que vai encher o pulmão (metal). O Pulmão purifica auxiliando os Rins (água).

Os estados psíquicos também estão associados aos cinco elementos. Assim, a cólera (raiva) ao elemento madeira; a alegria ao fogo; a reflexão ao baço; a tristeza ao pulmão; e o medo aos rins.

Teoria dos Jing Luo ou Zonas de influência (conhecida como teoria dos Meridianos)

Essa teoria pressupõe a existência de vias onde percorre o Qui, sendo que elas mantêm a comunicação da superfície com o interior do corpo, com os órgãos e as vísceras.

Quando foram trazidas para o Ocidente, essas vias foram traduzidas como meridianos que, por darem idéia de percurso linear e delimitado, não expressam corretamente o sentido concebido pelos chineses. Portanto, o termo Zonas de influência tem correspondência mais próxima à idéia contida na expressão Jing Luo. Entretanto, houve uma popularização do termo meridiano.

Cada percurso possui na superfície do corpo uma série de pontos, que ligados entre si, constituem os meridianos.

O ideograma utilizado desde a antiguidade para designar essas linhas de pontos, está composto por elementos que dão a idéia de alinhamento, e pronuncia-se "Tsing".

George Soulié de Mourant, cita em seu livro texto as seguintes observações clínicas :
1 ) Quando um órgão está alterado, existe uma série de pontos que se tornam sensíveis, e formam uma linha;
2 ) Em pessoas sensíveis, a linha dos meridianos são dolorosas;
3 ) Muitos doentes, no momento da picada da agulha, referem sentir uma sensação que segue uma linha e que coincide com o trajeto do meridiano do ponto que fora picado.

Os meridianos principais são em número de doze. São bilaterais e correspondem a função dos seis órgãos (Zang) e seis vísceras (Fú).

Para cada membro superior existe três meridianos principais de natureza Yin e três de natureza Yang, o mesmo ocorrendo em relação ao membro inferior, apresentando-se da seguinte maneira :

- 3 meridianos Yin do membro inferior : Baço-pâncreas, Fígado e Rim;
- 3 meridianos Yang do membro inferior : Estômago, Bexiga e Vesícula Biliar;
- 3 meridianos Yin do membro superior : Pulmão, Circulação-Sexo, e Coração;
- 3 meridianos Yang do membro superior : Intestino Grosso, Intestino Delgado, e Triplo aquecedor

Além dos meridianos principais o corpo humano possui outras vias que não apenas ligam aqueles a várias partes do corpo como também cobrem todas as áreas externas e internas por onde circulam as energias.

São conhecidos como meridianos secundários, e se dividem em 4 tipos :

1 ) Meridianos extraordinários ou curiosos
Esses meridianos são assim chamados porque não têm comunicações especiais com as vísceras. Além disso, não há correspondência nem reunião entre eles, são forro na parte externa. É nisso que são diferentes dos meridianos regulares que cruzam e lhes pedem pontos.

Estão agrupados em 4 meridianos Yang : - Du Mai, Dai Mai, Yang Qiao Mai, Yang Wei Mai; e 4 meridianos Yin : - Ren Mai, Chong Mai, Yin Qiao Mai e Yin Wei Mai.

Sua principal função é de reforçar os liames entre os meridianos regulares, a fim de regularizar o Qi e o sangue. O excesso destes nos 12 meridianos principais se escoa e se concentra nos 8 meridianos extraordinários, onde é guardado como reserva para ser distribuído quando há insuficiência de Qi e de sangue nos Jing Mai.

Cada um dos meridianos extraordinários (ou ainda "Vasos Maravilhosos") possui um ponto de comando situado num meridiano principal, da mesma forma que os outros pontos. Com excessão de Ren Mai e Du Mai, os meridianos extraordinários não possuem pontos próprios, sendo seus trajetos constituídos por pontos dos meridianos principais.

Os quatro vasos Yang atuam sobre as doenças externas e os quatro vasos Yin sobre as doenças internas. Os pontos de comando destes vasos servem para abrir um tratamento , conforme sua sintomatologia :

- Du Mai - "Vaso Governador" ( ID 3) - Nevralgias, distúrbios motores das extremidades, contraturas da nuca ou maxilares, tétano, olhos vermelhos, amigdalite, bruxismo, tosse com catarro, e surdez;

- Yang Qiao Mai - ( B 62) - contraturas em geral, hemiplegia, paralisia,afasia, dores da nuca e das costas, e lumbago;

- Yang Wei Mai - ( TR5 ) - esgotamento, expectoração de sangue, dores de cabeça, dores e doenças dos olhos e ouvidos, dor e edema do pescoço e da nuca, gânglios da nuca, abcessos na boca, dores nos molares inferiores, e artrite dos dedos ou artelhos;

- Dai Mai - (VB 41) - Todos os vazios (insuficiências) e esgotamentos,reumatismo articular agudo, artrite do calcanhar, vermelhidão e edema nos pulsos e/ou joelhos e/ou nos maléolos externos, paralisis flácida, tremores ou contraturas dos pés e das mãos, dores nas costas, ombros, braços ou membro inferior;

- Yin Wei Mai - ( CS 6) - amnésia, fuga das palavras, ansiedade,distúrbios do cérebro, riso desordenado, epilepsia, indigestão, plenitudes internas, constipação espasmódica, hemorróidas;- Chong Mai - ( BP 4 ) - dores precordiais, dor de estômago, aerogastria, aerocolia, soluços, febres palustres, icterícia de todos tipos;

- Ren Mai - "Vaso da Concepção" - ( P7 ) - doenças das vias respiratórias; coriza, espirros, bronquite, asma, ondas de calor, meningite nas crianças, diabetes, intoxicações alimentares e medo nas crianças;

- Yin Qiao Mai - ( R6 ) - espasmo da bexiga, urina espessa ou sanguinolenta, micção frequente, constipação nas mulheres, perda seminal, esgotamento dos idosos e das mulheres, aborto espontâneo, intoxicação nas mulheres, dores no ventre pós parto, e metrite.

2 ) Meridianos distintos (Jing Bie):
São em número de 12, partem dos 12 meridianos principais e dependem deles. Têm ação importante, que consiste em ligar os meridianos principais aos órgãos internos.

3 ) Meridianos de ligação ou Luo Mai:

Se dividem em dois tipos:
a ) as ramificaçõe mais grossas - Há no total 15 Bie Luo, sendo 12 meridianos principais, os meridianos Du Mai e Ren Mai, e o grande Luo do baço. O Bie Luo liga um meridiano Yin e um meridiano Yang;
b ) a circulação na superfície apela para ramificações cada vez menores dos Luo, chamadas Fu Luo e Yun Luo.
4 ) Meridianos tendino-musculares :

Sua função principal é proteger o corpo das influências externas.
Possuem a energia defensiva, que circula nos meridianos Yang de dia, e nos meridianos Yin à noite, obedecendo a seguinte ordem :

B - VB - E - ID - TR - IG - BP - F - R - P - CS - C

Principais afecções provenientes do comprometimento destes meridianos :
- Reumatismo agudo, algias e contraturas, contusões, lesões musculares ou ligamentárias ;
- Neurites, mialgias, tendinites;
- Afecções cutâneas;
- Afecções cefálicas : nevralgias, paresias ou paralisias faciais, tiques nervosos, rinites, sinusites, conjuntivites, afonia e catarros.

Sintomatologia :
a ) Plenitude - hipersensibilidade, dor espontânea ou a palpação superficial, rubor, calor, spasmos, contrações, edemas, formigamento,
b ) Insuficiência (ou vazio) - hipossensibilidade, frio, paresia ou paralisia motora, palidez dos tegumentos, atonia ou atrofia muscular, dor a palpação profunda.

A Medicina tradicional Chinesa foi construída pensando-se um objeto diferente do que estamos acostumados a lidar na Medicina Ocidental Moderna. Em vez de identificar e atuar na doença, uma “entidade” bem delimitada e possível de individualizar e catalogar, a Medicina Tradicional Chinesa trabalha com o conceito de processos de adoecimento, em que os sinais, os sintomas e as “doenças” são expressões de determinados caminhos que trilhamos ou processos, e onde não basta agir somente nas manifestações (sintomas, sinais), mas se faz necessário atuar em todos os elos da cadeia que levam ao adoecimento.

Os chineses encontraram uma forma de resumir e classificar didaticamente os elos iniciais dessa cadeia, que denominam “Fatores de Adoecimento”:

• 6 excessos (também conhecidos como fatores externos), que são o vento, o frio, o calor, a umidade, a secura e a canícula. Significam fatores presentes na natureza que, quando em excesso, invadem o organismo (quando são denominados de Tshieh Qui ou Qui perverso).
• 5 emoções e 7 sentimentos (também conhecidos como fatores internos).

Apesar da denominação (fatores internos), representam modificações do espírito em reação à percepção do meio ambiente sendo, portanto, resultantes da interação de fatores externos e internos. Os estados emocionais são determinantes na qualidade do Zheng Qui (ou Qui correto, que representa a homeostase interna ou o estado das ‘energias’ [Qui] presentes na fisiologia humana).

• fatores não externos e não internos. Incluem situações como acidentes com lesões, acidentes com animais peçonhentos e insetos, fadiga, envenenamentos, incorreções alimentares, infestação por vermes etc.

Vale ressaltar a importância que a MTC atribui à luta entre o correto – Zheng Qui – e o perverso – Tshieh Qui – na gênese do processo de adoecimento.

Para fortalecimento do Zheng Qui, a MTC considera que existem quatro posturas necessárias:

• Procurar respirar corretamente;
• Procurar movimentar-se corretamente;
• Procurar alimentar-se corretamente;
• Procurar relacionar-se corretamente.